Foto cedida por Alessandro Abdala

domingo, 22 de setembro de 2013

Observação de Aves em Afonso Cláudio/ES

Fiquei sabendo do evento pela internet e, como a casa de minha mãe é caminho, resolvi participar, meio que no escuro. Ótima decisão. Recomendo a todos uma passarinhada por lá.
Alguns municípios do Espírito Santo resolveram juntar forças para promover o turismo rural e incluíram sabiamente a observação de aves no programa. O lugar é sensacional, com uma diversidade enorme e conta com a Cláudia Pimenta,uma guia que conhece todos os macetes locais. 
Ficamos hospedados na Pousada Vovó Dindinha, com instalações rústicas e confortáveis, comida muito boa e pessoas muito atenciosas, que fazem de tudo para fazer a estadia agradabilíssima.
Não posso deixar de mencionar os amigos que por lá fiz, excelentes companheiros de aventura: Alexandre, Bárbara, Celi Aurora, Felipe, João Andrade, Mário e Carlos Rizzo, e os guias em treinamento, Márcio, Adones e Phablo, que nos ajudaram em todos os momentos.
Vamos às fotos, que é o que interessa.

Primeiro dia, chegada à pousada e uma volta de reconhecimento em que apareceu um teque-teque (Todirostrum poliocephalum) calmo, o que é raro.
De tardinha um pica-pau-de-banda-branca (Dryocopus lineatus) atendeu a um playback e deu um show.
Segundo dia, logo de manhã, a primeira foto foi de uma preguiça, ainda recolhida em si mesma, dormindo.
O primeiro lifer não demorou muito, o gavião-de-cabeça-cinza (Leptodon cayanensis) passou voando e deu um show.
O rabo-branco-acanelado (Phaethornis pretrei) logo deu o ar da graça em uma grande inflorescência.
Um bando de saíras-lagartas (Tangara desmaresti) apareceu e deu muito mole. Pudemos fazer fotos de todos os ângulos.
Um picapauzinho-de-testa-pintada (Veniliornis maculifrons) foi meu segundo lifer.
Reparem como ele se camufla bem contra o tronco das árvores onde pousa.
O arapaçu-escamado (Lepdocolaptes squamatus) sempre que aparece nos permite boas fotos.
Tivemos a sorte de encontrar um lindo pica-pau-dourado (Piculus aurulentus).
Consegui melhorar muito minhas fotos do gritador (Sirystes sibilator).
Uma fêmea da saíra-viúva (Pipraeidea melanonota) deu as caras rapidamente, para me permitir completar o registro do casal, já que só tinha foto do macho.
O casal de surucuá-variado (Trogon surrucura) que encontramos não me deu chance de fotografá-lo de frente, esta foi a melhor que consegui.
À tarde encontramos vários bichos, entre eles um casal de tiribas-de-testa-vermelha (Pyrrhura frontalis), muito tranquilo e no maior love.
Um coleirinho (Sporophila caerulescens) apareceu para minha felicidade.
No brejinho atrás do comedouro, um curutié (Certhiaxis cinnamomeus) cantou e fez uma rápida aparição.
Sanhaço-de-encontro-azul (Tangara cyanoptera), ou sanhaço comum (Tangara sayaca)?
À tardinha achei o último lifer do dia, a marreca-de-bico-roxo (Nominix dominica), escondida entre o capim.
Logo depois, com nossa aproximação, afastou-se para a água aberta.
À noite, a grande estrela do dia, a murucututu-de-barriga-amarela (Pulsatrix koeniswaldiana), uma imponente coruja, que a Cláudia trouxe magistralmente para um galho seco, no limpo, conforme havia prometido desde a manhã.
Não poderia ficar de fora o belíssimo Pedro Alcântara Amarelo Galo (Gallus sp.), que escapou da panela para virar estrela. 
O segundo dia começou tranquilo com uma garça-noturna (Nycticorax nycticorax), ainda na pousada.
Andorinhas-domésticas-grandes (Progne chalybea) pousaram em alguns fios e pude fotografá-las após longo tempo. As que nidificavam em Manhumirim foram afugentadas por um desastroso "embelezamento" dos muros de arrimo da cidade, que reduziu os barbacãs e dificultou a entrada delas para fazerem os ninhos.
Ainda na estrada, encontramos o chauá (Amazona rhodocorytha), quarto lifer, que nidifica nas redondezas, segundo a Cláudia. Por isso só fizemos fotos de longe. 
Em seguida o quinto lifer dá sinal de vida - borralhara (Mackenziaena severa). Custou a permitir foto que prestasse, mas valeu a pena a insistência. Pena que a fêmea, muito mais bonita, não apareceu.
Um araçari-de-bico-branco (Pteroglossus aracari) passou rápido, quase não dando chance para fotos.
Um solitário trinca-ferro (Saltator similis) veio buscar frutas no comedouro. Não ouvi esses passarinhos por lá. 
Finalmente um macho da rendeira (Manacus manacus) me permitiu fazer fotos razoáveis.
Essa choca (Thamnophilus sp.) me permitiu 2 fotos quase iguais, antes de se embrenhar na galharada. Não consegui chegar a um acordo para identificá-la. Agradeço a quem puder me ajudar.
Um petrim (Sinallaxis frontalis) apareceu entre uns eucaliptos e consegui duas fotos. 
Só para constar como sexto lifer, vai a foto do caneleiro (Pachyramphus castaneus), que se recusou a sair detrás da folha.
Este aí eu não sei quem é. Help, please.
O gaturamo verdadeiro (Euphonia violacea) deu um show.
Tié-de-topete (Lanio melanops), fêmea, discreta e bonita.
Os guaxes (Cacicus haemorrhous) eram presença constante e chegaram muito perto em um dos comedouros, como se pode ver na foto.
Um ninho de pica-pau-verde-barrado (Colaptes melanochloros) nos deixou eufóricos, com tantas fotos boas, de todo jeito. Separei essa aí. 
Esta foto, no visor da câmera, nos deixou entusiasmados com a possibilidade desse gavião ser um bombachinha, mas depois, no computador, revelou-se um carijó (Rupornis magnirostris), muito menos excitante.
As maracanãs (Primolius maracana) estão se alimentando dessas secreções das embaúbas em vários lugares por onde passo. Deve ser uma solução para esses tempos magros de final de inverno.
A passarinhada teve fecho de ouro com um casal de japacanins (Donacobius atricapilla), que enfeitiçou a Bárbara com sua "dancinha" e dueto espetaculares. 
Foi isso. Recomendo enfaticamente a hospedagem na Pousada da Vovó Dindinha e a Cláudia Pimenta como guia, para quem quiser fazer uma passarinhada muito proveitosa no Espírito Santo e, como ela diz, correndo o risco de ver a saíra-apunhalada...

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Serra do Cipó

















Uma excursão da Ecoavis à Serra do Cipó não poderia deixar de ser um sucesso.
Local maravilhoso, com uma diversidade de ambientes invejável, a flora de uma riqueza inacreditável, para todo lado que se olha uma flor colorida, uma textura diferente, e com aves sensacionais.
A companhia não podia ter sido melhor, uma turma animada, cheia de gás e muito divertida.
No primeiro dia fomos à RPPN Aves Gerais onde fomos muitíssimo bem recebidos pelo Lucas Carrara e Luciene Faria.
Andamos pela manhã em uma trilha com algumas “descidonas e pequenas subidinhas” e apenas 1,5 km de extensão.
Eu, bobo, acreditei.
Morri. Na verdade, eram umas descidonas e outras subidonas, messsssmo!
Mas vi uma mata linda, bem conservada e promissora. Ouvimos muito mais que vimos, mas valeu a pena.
Depois de um lanche salvador e muito gotoso ofertado pela Luciene fomos ver outro bioma completamente diferente, logo do outro lado da estrada. Um campo florido com um pequeno curso d’água meio brejoso que nos brindou com vários bichos cabulosos.
O canário do campo nos deu muita colher-de-chá.























Uma família de papa-moscas-do-campo fez um alvoroço quando os chamamos. Vieram uns 6 ou 7 e nos brindaram com um espetáculo de voos e chamados.
























Um inédito tico-tico-do-banhado também deu as caras e entrou para a minha lista de aves fotografadas. Um lifer é sempre muito bem vindo.
























Mas quem deu show foi um narcejão. Mais de 20 fotógrafos e ele voando de um lado para o outro, dando susto em todo mundo e só o Marco Rocha consegue fotos dele. E que fotos! Procurem lá no Wikiaves. 























Eu? Só isso aí embaixo, um borrão aterrissando no meio do capim. Mas borrão também é lifer, não quero nem saber.














De tardinha, fomos a uma trilha perto da pousada. Foi preciso pular uma cerca, o que fiz com alguma dificuldade registrada pela Juliana, que fez o favor de colocar a foto no Facebook, e ali conseguimos ver bichos maravilhosos. Uma profusão de beija-flores se fartavam nas flores dos arnicões (a Michelle, que sabe tudo de plantas, vai ter que me confirmar isso). 
O sempre presente beija-flor-de-orelha-violeta foi o primeiro que vi.























Logo depois um besourinho-de-bico-vermelho pousou e fez pose. Fiz fotos de todo jeito.















Um estrelinha-ametista passou rápido, pousou por 3 segundos e foi-se como um raio.
















Todo mundo queria achar e fotografar o gravatinha-verde, não consegui nada com ele até no finalzinho da tarde, quando essa fêmea aí em baixo resolveu me dar esse presente.














Para coroar o dia, um casal do pica-pau-chorão resolve dar um show. Na luz do poente, sol bem baixinho, foram tantas fotos que ficou até difícil escolher. Vão duas, do casal.






























À noite, morto de cansado dormi que nem pedra. Dia seguinte, campos altos com o Celso do Lago Paiva, que conhece tudo do lugar e nos levou à parte alta do Parque. Ainda me recuperando das descidonas e pequenas subidinhas preferi não me arriscar na trilha, fiquei no plano e me diverti com algumas borboletinhas,  as milhares de flores e um ou outro passarinho que passou. 








































































Um bando de urubus-de-cabeça-vermelha deu um show de aerohabilidades por mais de uma hora, aproveitando as termas com a sua característica maestria.
















Uma noivinha-branca também deu o ar da graça















Perto da estátua do Juquinha uma águia-chilena passou voando e consegui melhorar meu registro dela. Como se vê, se isso aí é uma melhora, o outro era impublicável. Ainda vou pegá-la de jeito.
















À tarde, enquanto uma parte do pessoal foi atrás do lenheiro-do-cipó, endêmico do parque, eu voltei para a trilha lá perto da pousada em busca de mais fotos dos beija-flores. Valeu a pena. Deram muito mole, embora o gravatinha-verde não tenha acendido seu babador nem uma vez, deixou-me fografá-lo até cansar.
































Um bandinho de pintassilgos passou e pousou ao longe, mas ainda ao alcance das lentes.























Entre tantos beija-flores maravilhosos um belo capacetinho-cinza quase passou desapercebido.
















Já voltando para a pousada uma maria-preta-de-penacho parou para uma foto.















E para despedida, essa elaenia quedou pensativa, enlevada com o belo por do sol.














Quem puder, não deixe de visitar o Parque da Serra do Cipó e seu entorno. É um lugar sensacional e, para nós que gostamos de aves, há garantia de se conseguir avistamentos e fotos memoráveis.
Agradeço muito a todos os companheiros da Ecoavis pela alegre, instrutiva e divertida companhia e especialmente ao Lucas, à Luciene e ao Celso, que nos mostraram tantas belezas.
A lista das aves encontra-se disponível na Táxeus: Aves do Pq. Nacional Serra do Cipó - MG