Fiquei sabendo do evento pela internet e, como a casa de
minha mãe é caminho, resolvi participar, meio que no escuro. Ótima decisão.
Recomendo a todos uma passarinhada por lá.
Alguns municípios do Espírito Santo resolveram juntar forças
para promover o turismo rural e incluíram sabiamente a observação de aves no
programa. O lugar é sensacional, com uma diversidade enorme e conta com a
Cláudia Pimenta,uma guia que conhece todos os macetes locais.
Ficamos
hospedados na Pousada Vovó Dindinha, com instalações rústicas e confortáveis,
comida muito boa e pessoas muito atenciosas, que fazem de tudo para fazer a
estadia agradabilíssima.
Não posso deixar de mencionar os amigos que por lá fiz, excelentes
companheiros de aventura: Alexandre, Bárbara, Celi Aurora, Felipe, João
Andrade, Mário e Carlos Rizzo, e os guias em treinamento, Márcio, Adones e
Phablo, que nos ajudaram em todos os momentos.
Vamos às fotos, que é o que interessa.
Primeiro dia, chegada à pousada e uma volta de
reconhecimento em que apareceu um teque-teque (Todirostrum poliocephalum) calmo, o que é raro.
De tardinha um pica-pau-de-banda-branca (Dryocopus lineatus) atendeu a um
playback e deu um show.
Segundo dia, logo de manhã, a primeira foto foi de uma
preguiça, ainda recolhida em si mesma, dormindo.
O primeiro lifer não
demorou muito, o gavião-de-cabeça-cinza (Leptodon
cayanensis) passou voando e deu um show.
O rabo-branco-acanelado (Phaethornis
pretrei) logo deu o ar da graça em
uma grande inflorescência.
Um bando de saíras-lagartas (Tangara desmaresti) apareceu e deu muito mole. Pudemos fazer fotos
de todos os ângulos.
Um picapauzinho-de-testa-pintada (Veniliornis maculifrons) foi meu segundo
lifer.
Reparem como ele se camufla bem
contra o tronco das árvores onde pousa.
O arapaçu-escamado (Lepdocolaptes squamatus) sempre que
aparece nos permite boas fotos.
Tivemos a sorte de encontrar um
lindo pica-pau-dourado (Piculus
aurulentus).
Consegui melhorar muito minhas
fotos do gritador (Sirystes sibilator).
Uma
fêmea da saíra-viúva (Pipraeidea
melanonota) deu as caras
rapidamente, para me permitir completar o registro do
casal, já que só tinha foto do macho.
O casal
de surucuá-variado (Trogon surrucura)
que encontramos não me deu chance de fotografá-lo de frente, esta foi a melhor
que consegui.
À
tarde encontramos vários bichos, entre eles um casal de tiribas-de-testa-vermelha
(Pyrrhura frontalis), muito tranquilo
e no maior love.
Um coleirinho (Sporophila caerulescens) apareceu para
minha felicidade.
No brejinho atrás do comedouro, um
curutié (Certhiaxis cinnamomeus)
cantou e fez uma rápida aparição.
Sanhaço-de-encontro-azul (Tangara cyanoptera), ou sanhaço comum (Tangara sayaca)?
À tardinha achei o último lifer do dia, a marreca-de-bico-roxo (Nominix dominica), escondida entre o
capim.
Logo depois, com nossa
aproximação, afastou-se para a água aberta.
À noite, a grande estrela do dia, a
murucututu-de-barriga-amarela (Pulsatrix
koeniswaldiana), uma imponente coruja, que a Cláudia trouxe magistralmente
para um galho seco, no limpo, conforme havia prometido desde a manhã.
Não poderia ficar de fora o belíssimo
Pedro Alcântara Amarelo Galo (Gallus sp.),
que escapou da panela para virar estrela.
O segundo
dia começou tranquilo com uma garça-noturna (Nycticorax nycticorax), ainda na pousada.
Andorinhas-domésticas-grandes
(Progne chalybea) pousaram em alguns fios e pude fotografá-las após longo
tempo. As que nidificavam em Manhumirim foram afugentadas por um desastroso
"embelezamento" dos muros de arrimo da cidade, que reduziu os
barbacãs e dificultou a entrada delas para fazerem os ninhos.
Ainda
na estrada, encontramos o chauá (Amazona
rhodocorytha), quarto lifer, que
nidifica nas redondezas, segundo a Cláudia. Por isso só fizemos fotos de longe.
Em seguida o quinto lifer dá sinal de vida - borralhara (Mackenziaena severa). Custou a permitir
foto que prestasse, mas valeu a pena a insistência. Pena que a fêmea, muito
mais bonita, não apareceu.
Um
araçari-de-bico-branco (Pteroglossus aracari)
passou rápido, quase não dando chance para fotos.
Um solitário trinca-ferro (Saltator similis) veio buscar frutas no
comedouro. Não ouvi esses passarinhos por lá.
Finalmente um macho da rendeira (Manacus manacus) me permitiu fazer fotos
razoáveis.
Essa choca (Thamnophilus sp.) me permitiu 2 fotos quase iguais, antes de se
embrenhar na galharada. Não consegui chegar a um acordo para identificá-la.
Agradeço a quem puder me ajudar.
Um petrim (Sinallaxis frontalis) apareceu entre uns eucaliptos e consegui duas
fotos.
Só para constar como sexto lifer, vai a foto do caneleiro (Pachyramphus castaneus), que se recusou
a sair detrás da folha.
Este aí eu não sei quem é. Help,
please.
O gaturamo verdadeiro (Euphonia violacea) deu um show.
Tié-de-topete (Lanio melanops), fêmea, discreta e
bonita.
Os guaxes (Cacicus haemorrhous) eram presença constante e chegaram muito perto
em um dos comedouros, como se pode ver na foto.
Um ninho de pica-pau-verde-barrado
(Colaptes melanochloros) nos deixou
eufóricos, com tantas fotos boas, de todo jeito. Separei essa aí.
Esta foto, no visor da câmera, nos deixou entusiasmados
com a possibilidade desse gavião ser um bombachinha, mas depois, no computador, revelou-se um
carijó (Rupornis magnirostris), muito
menos excitante.
As maracanãs (Primolius maracana) estão se alimentando dessas secreções das embaúbas
em vários lugares por onde passo. Deve ser uma solução para esses tempos magros
de final de inverno.
A passarinhada teve fecho de ouro
com um casal de japacanins (Donacobius
atricapilla), que enfeitiçou a Bárbara com sua "dancinha" e dueto
espetaculares.
Foi isso. Recomendo enfaticamente
a hospedagem na Pousada da Vovó Dindinha e a Cláudia Pimenta como guia, para
quem quiser fazer uma passarinhada muito proveitosa no Espírito Santo e, como
ela diz, correndo o risco de ver a saíra-apunhalada...