Foto cedida por Alessandro Abdala

terça-feira, 29 de janeiro de 2013


Pequenas Lembranças de Janeiro

O final de 2012 ainda me proporcionou várias oportunidades de fotos em Manhumirim, no sítio e no Parque Nacional do Caparaó. Como prometido no post anterior, aqui vão algumas delas.

Quando viajo sempre deixo a câmera de jeito, no banco do passageiro, afinal nunca se sabe o que vamos encontrar na próxima curva. Indo para Manhumirim deparei-me com esse lindo casal de maracanãs. Estavam em frente a um barranco cheio de buracos como esse que aparece na foto. Fiquei com a certeza que eles estão nidificando ali, bem na beira da estrada. Será que os tempos estão mudando mesmo? Há 10 anos isso seria impensável. Certamente teriam os filhotes capturados por alguém. Pena que não dá para acompanha o desenvolvimento da estória. Fico torcendo para que tudo dê certo para elas.

A época é de reprodução, não há dúvida. Encontramos os passarinhos nos mais diversos estágios de procriação. Indo para o parque do Caparaó encontrei essa fêmea de saíra-amarela tentando desembaraçar do arame farpado os pelos do rabo de algum cavalo, para poder usar em seu ninho. Foi uma luta demorada e ela foi embora sem conseguir. Com certeza vai arrumar coisa mais fácil.

Logo na entrada do parque, menos de 100 depois da portaria, escutei gritos que não conhecia bem, mas que me pareceram de alarme e me lembraram tucanos. Parei o carro, desci e lá estava um belíssimo tucano-de-bico-verde fazendo uma algazarra. Pouco depois um outro começou a responder no meio da mata. Ficaram muito tempo rodeando o local sempre vocalizando. A mim pareceu que estavam nervosos, talvez com algum filhote recém saído do ninho por perto. Sem aviso se calaram e desapareceram. São momentos assim, inesperados e belos que tornam a observação de aves tão emocionante.


Estou conseguindo melhorar muito as fotos de diversas espécies com a nova câmera, mas também tenho dado muita sorte em achar espécies que a muito tempo eu não via. Da maria-preta-de-bico-azulado eu só conhecia o macho, da fêmea, só sabia que não era preta. Na Tronqueira, a meio caminho da subida ao Pico da Bandeira, apareceu esta aí, super calma, dando pequenos rasantes atrás de insetos voadores e mesmo pegando alguns no chão gramado. Após um tempo, e mais de 40 fotos, parou em um galho e começou a se arrumar. Pude chegar bem pertinho dela, linda em suas cores simples. Reparem no pé com que estava se coçando. Aves são meio contorcionistas mesmo.

Um tico-tico não é lá um bicho que chame a atenção, afinal, é muito comum, mas que é uma belezinha é. Olha só que cores e padronagem bonitas. O parque é um paraíso para esses carinhas. Para todo lado que se olha tem um monte deles. Parece que gostam muito de altitudes grandes, acima de 1.000 metros são figurinha fácil, embora também possam ser achados em lugares mais baixos. 

Na descida, já indo embora, um pitiguari cantou bem alto e pertinho. Parei o carro e fiz algumas fotos desse bicho que está sempre na copa das árvores, bem lá em cima. No caso, estava do lado de baixo da estrada, bem no nível da janela do carro, foi só baixar o vidro e disparar. Acabei errando um pouco a regulagem da abertura, mas deu para aproveitar algumas fotos.

Em Manhumirim, no quintal da D. Ruth, os velhos amigos estavam presentes. O beija-flor-tesoura arrumou um pouso mais baixo que o usual e permitiu que eu me aproximasse bem enquanto se ajeitava após um pequeno chuvisco. A parede clara no fundo deu um destaque muito interessante a ele. Se eu tivesse acertado a profundidade de campo, aquela flor rosa no fundo estaria muito melhor e a foto bem mais interessante, mas...

Com o tesoura de vigia, o rabo-branco tinha que se virar para conseguir uns poucos segundos para beber o néctar das flores. Ele é muito esperto, aproveitando que o tesoura estava no galhinho baixo, situado em um dos extremos da moita com as flores, ele vinha pelo lado oposto, voando baixo, rente ao chão, escondido pelas folhas e conseguia roubar um pouco do néctar. Quando era descoberto enfiava-se no meio da moita e deixava o tesoura muito invocado, pois ele não consegue manobrar entre os galhos e folhas como o rabo-branco. Eles ficaram nesse pique-esconde a tarde inteira.

Uma cambacica resolveu aparecer. Andava meio sumida. Com a nova lente, só deu para fazer close dela, já que vinha sempre muito perto da varanda, atrás de néctar nos camarões do canteiro. Desta vez os beija-flores não estavam dando muita bola para eles, embora estivessem bem floridos. Talvez prefiram o sabor de outras flores, não sei.
Um bando de uns 6 ou 7 periquitões-maracanãs achou as mangas maduras e vinha constantemente se alimentar. São muito desconfiados, sempre ficavam bem no alto da mangueira, meio escondidos pelas folhas, embora houvesse muitas mangas madurinhas em lugares bem estratégicos para fotos. Não cooperaram, só consegui algumas fotos quando mudavam e lugar, como essa aí.

Lá no fundo do quintal achei o motivo para as constantes idas e vindas de um casal de saíras-amarelas para comer as bananas que aparecem nas roseiras do quintal da D. Ruth. Um filhote, saído a pouco do ninho, estava pedindo comida incessantemente. O pai se esforçava para atender ao seu apetite gigante, mas estava dando trabalho. Como comentei lá no início, esta época é mesmo muito boa para a gente observar os passarinhos, enquanto uma fêmea fazia ninho, outro casal já estava alimentando filhotes saídos do ninho.

No sítio encontrei a lavadeira-mascarada. Fotos dela podem perfeitamente ser feitas em preto e branco, o que muito me agrada. Não sei porque, o preto e branco faz parte do nosso imaginário e eu gosto demais quando dá certo com aves.

Fiz uma tentativa com umas graúnas, mas o resultado não ficou lá essas coisas. Interessante que nesse dia estavam por lá as graúnas e os anumarás, nunca muito perto uns dos outros, mas sem se estranharem ou se incomodarem com a presença uns dos outros.

Borboletas, no entanto, só dão certo bem coloridas. Esta aí, embora muito comum, é linda e sempre que posso gosto de fotografá-las. Insetos de modo geral costumam ser nossa salvação em dias de poucos passarinhos, pois proporcionam um bom treino.
Um cacho de bananas maduras já quase todo comido fazia a alegria de um monte de passarinhos. Este sanhaço-rei me deixou muito contente, pois andava meio sumido do sítio e sumido de verdade do quintal da D. Ruth.
Na saída do sítio essa fogo-apagou deu mole. Talvez seja a rolinha mais bonita, embora o páreo seja duro com a pararu-azul. Ficou um bom fecho para os registros do sítio em 2012.
 
Alguns dias mais tarde voltei ao parque do Caparaó, na companhia de meus irmãos, filha e sobrinhas. Um dos passarinhos que ficaram faltando na outra visita resolveu aparecer e dar a maior colher de chá. Muito curioso e já acostumado a conseguir alimento junto às barracas do camping, o quete, essa belezura que está aí, quase entrou dentro da lente. O sanhaço-frade ficou me devendo uma aparição.

No poço do Vale Verde encontrei essa sereiazinha. Mas foi muito rápida, só deu para eu tirar essa foto e ela já mergulhou e desapareceu córrego abaixo. Mas fiquei com essa lembrança da lindeza dela. É a Júlia, minha sobrinha.

Na hora de ir para o carro eis que aparece esse bicho esquisito aí. Que antenas impressionantes. Foi difícil conseguir mostrá-las neste ângulo. Sempre que eu me ajeitava para fazer a foto ele se virava e as deixava de perfil, posição que não permitia mostrar as ramificações delas. Esperei alguém passar perto e o peguei no pulo, quando se virou para o passante. A evolução produz coisas muito interessantes, fiquei com a impressão que ele usa essas antenas para sentir odores, mas não tenho certeza.

Com essas fotos fecho o ano de 2012 aqui no Pegando Passarinho. Logo publico o que achei em janeiro, 2013 promete.


4 comentários:

  1. Daniel, seus posts e suas fotos são sempre incrivelmente belos. As aves devem saber disso para se apresentarem a você dessas formas tão encantadoras, amam suas lentes. A lavadeira-mascarada é uma emoção! Obrigada por nos presentear com esses momentos, nas imagens e nos textos.
    Grande abraço,
    Dilce Laranjeira

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  2. Seu blog deveria chamar "clicando passarinhos" suas fotos sao lindas
    Selma

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